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Atrelagem não é só competição, é coração.


No último sábado (11/03), em Holambra (SP), o Grupo "Amigos da Atrelagem" se reuniu pela segunda vez na cidade para um passeio de lazer e confraternização, que começou com café matinal e terminou com delicioso almoço à moda de "Em Busca do Galope". Durante o almoço, boas notícias: o prefeito Dr. Fernando Fiori de Godoy adiantou que, a partir do próximo ano, pretende inserir esse passeio da Atrelagem no calendário de eventos da cidade.

Enquanto aproveitavam também para divulgar a Atrelagem, por ser um esporte ainda pouco conhecido no Brasil, durante todo o "Desfile de Carruagens" os praticantes da modalidade foram brindados pelo público com muitos elogios e aplausos. Foi um passeio de cerca de 10 quilômetros que, com o apoio da Prefeitura, Guarda Municipal e Defesa Civil, de certa forma parou os principais pontos turísticos da cidade, como a Rua das Flores, Praça Vitória Régia, Moinho Povos Unidos e o Receptivo Expoflora.

O evento, que reuniu 12 carros e animais das raças Bretão, Friesian, Haflinger e Lusitano - atrelados aos pares (parelha) ou individual (single) -, foi resultado da organização comandada pelo entusiasmo de Johannes Wigman, que colocou a estrutura do espaço "Em Busca do Galope" à disposição dos participantes, e de Flávio D'Angieri Filho - Quinta da Candelária - e Gabriel Ricardo de Souza - Estância do Dunga, seguidos pela disposição das famílias em marcar presença representando marcas como Rancho K, Estância do Dunga, Quinta da Candelária, Fazendas Interagro, Quinta da Baroneza e Hípica Incitatus, Haras Larissa, Chácara Raios de Sol e Sítio Boa Vista.

Confira cliques do passeio e bastidores!

Atrelagem, espécie de “triatlon”

Esporte equestre ainda jovem no Brasil, a Atrelagem é uma espécie de “triatlon” em que o condutor deve mostrar habilidade na condução de um ou mais cavalos atrelados a um “carro” (também chamado carruagem ou trole).

De origem grega, a Atrelagem se transformou fez tradição na Europa, devendo seu desenvolvimento aos romanos, que antes da Era Cristã já usavam carruagens leves puxadas por até quatro cavalos. Eles aprimoraram as corridas gregas, instituindo disputas de bigas e quadrigas, conforme o número de animais atrelados lado a lado. A partir da Idade Média, com o declínio do Império Romano, a Atrelagem sofreu revezes, mas ressurgiu no século XIII como meio de transporte, atingindo seu apogeu no século XV, quando a realeza e a aristocracia européia usavam as carruagens como meio de transporte e também para a prática de competições.

Com a chegada do automóvel, quem apostou na aposentadoria dos veículos movidos a cavalo se enganou; a Atrelagem ganhou status de modalidade esportiva. Inspirada no Concurso Completo de Equitação (CCE), a Atrelagem Esportiva caracteriza-se pelos movimentos sincronizados e ritmados dos animais, beleza plástica do conjunto, elegância dos arreios e trajes dos condutores, e também pela habilidade e destreza na condução dos cavalos.

Em 1970, quando competições já eram praticadas em mais de 20 países, na Europa e América do Norte, a Atrelagem foi reconhecida como esporte pela Federação Equestre Internacional (FEI). A entidade máxima mundial do hipismo passou a promover o Concurso Completo composto por três provas: Adestramento, Maratona e Maneabilidade (cones). Separadas em categorias por idade e porte físico dos animais, as provas são divididas pelas categorias de um animal (single), dois (parelhas) e quatro animais (four-in-hand ou quadras).

Os movimentos sincronizados e ritmados (sempre no andamento trotado), a elegância dos trajes e carros, a beleza plástica dos animais e a destreza dos condutores fazem da Atrelagem uma paixão por quem, no mundo inteiro, preserva a elegância e o charme de um tempo que não volta mais.

Atrelagem no Brasil

No Brasil, até início dos anos 2000, animais atrelados - desde os pesos-pesados Bretão, Percheron, Clydesdale aos animais de sela, como o Puro Sangue Lusitano, Haflinger, Pôneis e American Troter, entre outras raças - se limitavam a passeios e demonstrações em eventos equestres, exposições agropecuárias e romarias. No final de 2009, dois fatores contribuíram para a evolução deste cenário: a Atrelagem passou a fazer parte dos esportes regidos pela Confederação Brasileira de Hipismo (CBH), com a criação da Associação Brasileira de Atrelagem (Abrat).

Com adoção dos regulamentos da Federação Equestre Internacional (FEI) e a realização de clínicas e cursos com nomes de destaque internacional, a Atrelagem passou a atrair criadores de várias raças para o esporte. Em 2011, aconteceu o primeiro Campeonato Brasileiro de Atrelagem, aberto a todas as raças e o primeiro ranking da CBH.

Provas de Atrelagem

Uma competição de Atrelagem é dividida em diferentes provas; três delas realizadas juntas dá ao evento o status de Concurso Completo: Adestramento, Maneabilidade e Maratona.

O Brasil ainda não promoveu um Concurso Completo, mas vem promovendo - nas etapas do Campeonato Brasileiro e em eventos extras - até duas das provas: Adestramento e Maneabilidade, e Mini-Maratona. A Maneabilidade, também conhecida como prova de cones, é a prova mais realizada no país.

Maneabilidade - visa testar o preparo, a obediência e agilidade dos cavalos, além da habilidade e competência dos condutores dentro de um percurso de obstáculos. O percurso comporta círculos, serpentina e obstáculos combinados, totalizando ao menos 12 passagens, com um espaçamento excedente de 30 cm em relação à largura do veículo (40 cm para as atrelagens a 4 cavalos). A velocidade concedida é de 200m/minuto. O Derby é uma prova semelhante à Maneabilidade, com menos obstáculos, que se caracteriza pela alta velocidade. As duas provas têm percurso com passagens entre obstáculos, com velocidade a ser cronometrada, penalidades por erros e faltas que viram pontos ou segundos acrescidos no tempo do percurso. Ambas testam a destreza e habilidade do condutor, além da obediência e treinamento do animal.

Adestramento – a prova tem como objetivo julgar a liberdade, a regularidade dos andamentos, a harmonia, a impulsão, a elasticidade, a leveza, a facilidade e a correta curvatura dos cavalos nos movimentos.

Maratona - o objetivo da prova é testar a condição física, a resistência e o treinamento dos cavalos, assim como a habilidade de condução, o sentido dos andamentos e o conhecimento equestre do concorrente.

Na Atrelagem, não existe limite de idade para condutores e groom, o auxiliar do condutor que fica em pé atrás do “carro” – troles e/ou carruagem – fazendo o contrapeso e dando equilíbrio.

Apesar de ser um esporte - por assim dizer - embrionário no Brasil, a Atrelagem já conta com participação de animais das raças Puro Sangue Lusitano, Pôneis, Morgan, Haflinger, Bretão, Friesian, Percheron, Crioulo, Welsh Cobs, Mangalarga Marchador, Brasileiro de Hipismo, Clydesdale e Piquira.

A evolução técnica dos conjuntos tem sido constante, fato atribuído ao aprimoramento dos treinamentos, clínicas, número de provas, seleção e preparação dos animais, importação de carros e arreios da Europa, somado ao gradual aumento da produção destes equipamentos no Brasil. No entanto, ainda falta mão de obra especializada para treinamento de condutores e cavalos.

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